terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prova de Amor

No meio, final para ser mais exato, da prova de literatura, inspiração ou desabafo, não sei.



Prova de Amor

Sentindo o cheiro de morango
Comendo o chocolate
Fazendo a prova
Olha como ela franze a testa!
Ramos, nordeste, desenho, morangos
Que diabos, morangos novamente
Drummont, ela está concentrada
“A Flor do povo”, ela me perguntou
Domingo levo uma flor para ela
Dona Fulô, não pise em mim de novo
Te ver, menina, 11:15, droga
Nariz arrebitado, igual quando era bebê
Morangos, malditos sejam, me lembram da promessa
Um beijo, devo, quero, desejo
Que namorado babaca
Ou serei eu o idiota?
Acho que está na hora de pegar
Carro queimando na rua
Não é o momento, diz a professora
Outra vez morango, Ramos,
Êta provinha arretada.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Loja de Rapé

Outro trabalho de história....


Loja de Rapé


Vem Lucas, vem Pereira
Vem Damião, vem José
Tragam os baldes de madeira
Lá pra loja de Rapé

Pela rua vendendo o pó
Vão Pereira e Damião
Calça cheia de nó
Pés sujando o chão

O militar canta Zuleima,
Negra dos quadris altos,
Irritante em sua teima
Dos numerosos assaltos

“Sabe o que o sinhozinho é?”
Diz a escrava sem titubear
“É uma caixinha de rapé”
E sai ao gargalhar

Os cestos sobre a cabeça
O filho a tira-colo
Tem que vender antes que amoleça
O doce de coco e o bolo

“Preto, me dê o tabaco”
Ordena seu Miguel
Mais interessado no casaco
Do que em ir para o céu

Sai o escravagista
Lucas vende mais pó
Perde José de vista
Nunca se sentiu tão só

Sai do mercado então
Para encontrar o amigo
Ou talvez Damião
Ficar sozinho mora o perigo

Isso porque o sinhozinho
No alto da sua sabedoria
Acha que negro sozinho
É pessoa vadia

O sol se despede
O mercado esvazia
“Suor de negro fede”
Pensa a Sua Senhoria

Militar fica sozinho,
Os negros amaldiçoa,
Cheira seu pózinho
“Eta, coisinha boa!”

domingo, 17 de outubro de 2010

Rancor de um Louco II (ou "I Bleed it out, digging deeper just to throw it away)

Rancor de um Louco II (ou "I Bleed it out, digging deeper just to throw it away)

Eu te odeio, Ah como
Odeio a sua indecisão
Tua covardia amorosa
Atormentou meu coração

Uma vez te falei, Jasmim,
Que iria te esperar.
Como deves ter rido de mim
Tolo, idiota a sonhar

Enganou-me magistralmente
Com tua mentira fria
Eu, pseudo-poeta demente,
Bato palmas ante tamanha maestria

Fez o que se esperava,
Enganou o tolo poeta
Prometendo o que não dava,
Uma cobra completa

Teu odioso veneno da passividade
Provocava esse impasse
Foi preciso abrir o coração na minha tenra idade
Para que o sangue jorrasse

Com o sangue foi-se o veneno
Os olhos enxergam o real
Teus temores e amor pequeno,
Cobra de picada fatal

Agora te vejo e gargalho
Ante tua face fria e vazia
Teu medo de cometer algum ato falho
E teu amor sem serventia

Ainda a mentir para si, pequena?
Tentando se convencer
Que será feliz, plena,
Que soube escolher?

Covarde, não escolheu nada
Escondida atrás dos “compromissos”
Estás sempre destinada
A amores subimissos.

domingo, 10 de outubro de 2010

"...Mas Livrai-nos do mal, amém"

Com a minha escassez de textos, resolvi postar esse conto antigo.
Espero que gostem.



"... Mas livrai-nos do mal, amém."



- É John, você ta fodido – sibilou uma voz maligna, ecoando pelo pequeno cárcere. O ar estava frio, e não havia nenhuma fonte de luz para iluminar o local. John levantou a cabeça, assustado. Estivera deitado num amontoado de palha, que ele chamava de cama. Não dormia direito desde a semana anterior, o que provocara profundas olheiras em sua face magra e pálida.

- Quem está ai? – perguntou, num sussurro rouco. Sua voz, muito pouco utilizada nos últimos dias, saiu arrastada e pesada. Estava ofegante, com medo. Olhou para os lados, tentando ver a origem da voz grave. – É mais um guarda? – lamuriou-se – Já disse tudo o que eu sabia! Não sei mais nada! Por favor, não façam isso comigo!

O homem esquálido começou a soluçar, tremendo o maxilar e deixando escapar um filete de baba sobre o queixo peludo.

- Não John, não sou um guarda. Sou um... conselheiro. Um... amigo dos loucos. – respondeu a voz, pronunciando as palavras num tom intensamente zombeteiro.

- Mas eu não estou louco – murmurou o homem, arregalando os olhos, pensando na tenebrosa possibilidade. Será mesmo que não estava louco? Não era esse o veredicto do rei? Sua cabeça tremeu, e seus olhos cansados se encheram d’água.

- Claro, afinal, falar com uma voz imaginária é uma prova de que a pessoa é sã – ironizou a voz. John deixou uma lágrima rolar pelo rosto sujo. Então era verdade, ele era um louco.

- Você não existe? – perguntou, trêmulo, o homem. A voz soltou uma gargalhada fria, como uma criança maligna que consegue seu intento torpe. – Se existo? Não estou falando contigo neste exato momento? – respondeu a voz, com uma entonação jocosa.

- A pergunta, John, não é se eu existo. A pergunta é: até quando você vai existir? – a voz declarou a pergunta e soltou risadinhas mal abafadas. O homem abriu a boca ressecada, sem conseguir dizer a resposta. Outra lágrima escorreu pelo rosto magro.

– O que houve? O grande pensador não tem resposta? Deixa eu te ajudar: HOJE! – berrou a voz, no ouvido do prisioneiro, que soltou um gemido e se encolheu.

- Isso mesmo John, hoje você vai morrer. Sabe, é interessante isso! Porque, se você fosse religioso, estaria feliz por morrer e ir aos céus. Mas, não! O senhor perfeição, que clama ter a sabedoria da ciência lógica, nega Deus. E, pelo mesmo motivo que é levado a morte, não encontra consolo nela. Ironia, não? – a voz continuava, impiedosa.

- Não tenho medo de morrer – o homem respondeu, olhando para o chão. A voz riu, desdenhando da resposta. Até mesmo ele, John, duvidava do que acabara de dizer. Engoliu em seco e mordeu os lábios, impotente.

- Não tem medo, John? Realmente não tem medo de morrer? Não tem medo do que pode... vir? – insinuou, maliciosamente, a voz. O prisioneiro virou a cara como se tivesse levado um tapa. Não tinha certeza de nada, sentia-se abandonado por tudo, seu intelecto, sua convicção e seu brilhantismo.

- Vou te dizer uma coisa, John, é melhor você estar certo. Afinal, se existir um inferno, é muito provável que você vá para lá – falou a voz, num tom de um amigo que confessa uma coisa íntima. Mas esse clima confissão foi logo quebrado com um risinho malévolo da voz. O prisioneiro gemeu, sofrendo em suas terríveis dúvidas.

- Realmente, morrer por besteiras... se ainda fosse morrer por verdades! – suspirou a voz. O homem sentiu o desespero aumentar, agarrando a cabeça e arregalando os olhos. A voz riu de novo.

- Não... não! Eu não vou morrer por mentiras! Tudo o que eu disse é verdade! Tudo! – gritou o homem, mais para se convencer do que para qualquer outra coisa. Suas certezas, seus princípios, tudo, tudo se desvanecendo ante a cruel verdade da voz.

- Verdade? Qual verdade que disse? Que Deus não existe? Que o.... povo, é governado por um Rei que não dá a mínima para eles? – perguntou a voz, fingindo interesse.

- Sim! São verdades, inquestionáveis! – bradou o prisioneiro, pela primeira vez conseguindo ver um ponto lúcido em sua mente. Uma ponta de esperança, na qual ele agora estava agarrado firmemente.

- Inquestionáveis? São mentiras, são falácias! Quem é você para dizer que Deus não existe? Se ele não existisse, porque você, herege, será morto? Se o rei não dá a mínima para o povo, porque ele vai os presentear com um espetáculo hoje? – vociferou a voz, destruindo de vez a esperança do homem, que desatou a soluçar, balançando a cabeça, entregue ao desespero.

- O papo até que está bom, mas... ouça! Passos no corredor! – de fato, um barulho crescente de passos chegava da porta. Esta foi bruscamente aberta, deixando entrar um resquício de luminosidade. Porém, dois soldados logo encapuzaram o prisioneiro com um pano preto fedido, amordaçando-o.

- São seus últimos passos, John. Qual é sensação? – perguntou a voz, num tom falsamente curioso. – Ah! Esqueci, você está amordaçado. Sabe porque, não é? Porque você é um herege, e pode dizer coisas ruins para o povo. E sabe o porquê de estar encapuzado? Para não fitarem seus olhos esbugalhados, quando pender na corda - O homem, que cambaleava, sendo empurrado rispidamente pelos soldados, tentou falar uma coisa. Foi calado com um forte soco na sua costela.

-Shhh! Quietinho, John! Não precisa falar, eu sei o que você iria dizer. Iria dizer que o que você está fazendo é para o povo. – a voz soltou outro risinho de desprezo. A claridade ofuscou os olhos derrotados de John, mesmo encapuzado. Deviam ter saído para o pátio externo da prisão. O coração do condenado batia forte no peito magro. De repente, ouviu um rugido. O povo estava lá, gritando obscenidades parar ele, xingando-o.

- Vê o que o povo quer de você, John? Eles estão pouco se fodendo para suas teorias mirabolantes. Não dão a mínima para suas conspirações e falácias. Eles querem ver você pendurado, se mijando, enquanto morre, balançando na corda. – a voz continuava, acima dos ruídos intermináveis da massa, ao redor. John começou a chorar, embora não pudesse ver o povo. Sua respiração era rápida, entrecortada por soluços. Seus músculos tremiam e sua boca estava seca.

- Como você é tão detestável, John, nem vão ler sua sentença, vão direto para o enforcamento. Pena você não ter nenhum amigo para segurar teus calcanhares enquanto balança na corda. Sabe, o corpo humano agüenta diversos minutos, até horas, pendendo na corda. Isso se o laço não for tão eficiente. Dará tempo para você fazer todas as dancinhas que souber.

O carrasco colocou a corda, e firmou o laço. John chorou e olhou para os céus, levando logo um soco na cabeça, para ficar parado. Fechou os olhos, começando a rezar o pai nosso. O povo se calou, na expectativa.

- ... seja a feita a vossa vontade ...-

- Adeus, John – cortou a voz. O chão desapareceu, um corpo tombou e a multidão urrou.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Remédio

Meu melhor remédio
É te ignorar
Tchau, até logo
Quem? Ah, você.
Adeus.
Esqueço

O melhor tratamento,
É o silêncio.

domingo, 12 de setembro de 2010

LoLuLiLa

LoLuLiLa

Louco seria eu ao recusar algo tão belo
Algo que fiz para ti, com amor
Poema feito com esmero
Poema para Lô, minha flor

Luar mais branco não se compara
Com a tua beleza de boneca perfeita
Fina boca, pele clara
À Lu, a poesia mais bem feita

Linda, brilhando sobre meu mar,
Qual ninfa suave e majestosa,
Dance na floresta sob o luar,
Li, a mais doce e formosa

Lástima choraria a humanidade
Se de ti fosse privada,
Coração de grande capacidade
La, você é uma fada.

Lo Lu Li La, eis tua poesia
Que escrevi a ti, sem meta,
Perdoe a falta de maestria
Deste tolo poeta.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Poema Paraty

Poema Paraty

Pediram um poema para mim
Pediram um poema,
Como se fosse fácil
Fazer poemas.

O problema do pedido,
O pedido do poema
Que pediram para mim,
É que não pediram para
O que pediu o Poema para mim

Ora, o poema não é para mim!
Eu não preciso de poemas para mim!
Eu faço poemas para os outros,
Então não peçam poemas para mim!
Peçam poemas para vocês.

Minha inabilidade em escrever
Poemas para mim mesmo
Não me permitem tal façanha.
Ora, seria eu tão genial
Ou esquizofrênico
Para escrever poemas
Para mim mesmo?

Sou tão chato e desinteressante
Que não valho um poema.
Se não tenho nada a me dizer
Nem nada a falar sobre eu mesmo
Porque eu escreveria um poema para mim?

Pediram um poema para mim
Pediram um poema,
Como se fosse fácil
Fazer poemas.

Aqui então está
O poema pedido,
Mas sobre o que eu não sei

Na próxima vez
Não me peça um poema
Peça-me um poema sobre ti
Peça-me um poema para ti

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Biazitcha

Biazitcha

Boneca
. ra
diante

Passividade
. veras
irritante

Sorrirei
. terando
. ação
. diosa

De amor
. reu
. sem
. pre
. amar

Me odeie
. Lhe pesso
. a
. mante
. ndo
. passivo amor

domingo, 15 de agosto de 2010

Porque Rabisco Poesias.

Acho que eu sei porque escrevo poesias. Textes em prosa, digo, eu, não consigo me expressar totalmente em textos em prosa. Então rabisco poesias. Acho que é isso. Nunca fico tão feliz ao terminar de escrever prosa quanto ao terminar de rabiscar poesias. Talvez, outro fator, a ansiedade de transmitir o que penso para o papel me impeça de escrever algo rasoavelmente bom em prosa.

Thomaz M. L.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Rancor de um Louco

Você sabe que é para você =D
Aproveite bem seu poema, já que para romance eu não sirvo.


Rancor de um Louco

Fique com suas certezas
Fique com suas expectativas
Fique feliz onde está
Fique, infeliz, onde está.

Se o que te ofereço é pouco,
Pouca certeza do meu amar,
O amar de um louco,
Não me dirija palavra ou olhar

Não venha chorar de tristeza
Quando teu grande amor acabar
Não olhe para trás, princesa
Quando você não mais o amar

Se olhar, me verá flanando
E rindo da tua incerteza
Rindo, chorando, odiando
Te odiando e amando, princesa

Mas, se por ingenuidade
Vires a mim, em seu tormento
Em busca da tua felicidade
Ah, princesa, eu só lamento

Cuspirei na tua boca sedosa
Arrancarei teu suspiro rouco
Te ensinarei de forma dolorosa
Como é um rancor de um louco

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Para você, sim, eu sei que você vai ler:




Palavras são somente palavras
Nada que direi vai adiantar
Nada que farei significa algo
Então foda-se

domingo, 6 de junho de 2010

Amor de Poeta

Trabalho de Literatura, enjoy



Amor de Poeta

O homem no quarto estava quieto, deitado em sua cama. Não daria para dizer quem ou o que era mais decrépito naquele cômodo, se a cama gasta, o baú aberto no chão cheio de ranhuras, uma cadeira bamba e de aparência frágil ou o próprio homem, imóvel. Ele tinha profundas olheiras e as faces encovadas, cadavéricas. As faces pálidas e a imobilidade talvez fizessem estranhos pensarem que estava morto. Mas a luz cintilando em seus olhos febris e seu peito magro subindo e descendo davam vida à figura.

O silêncio imperava no recinto, com a espessa camada de poeira, além da janela fechada, abafarem os sons da barulhenta rua abaixo. A imagem, imortal, se assemelhava a uma fotografia. Uma fotografia que retratasse a solidão humana. Porque era isso que o homem era: um solitário. Não fazia idéia que horas eram, ou de quanto tempo passara assim, a contemplar o teto cheio de teias de aranhas. Não que realmente prestasse atenção as aranhas, ou sequer sabia se havia um teto acima da sua cabeça. Não importava.

Não importava, pois Lucien Rodion tinha achado o amor, e sua alma atormentada pela paixão não conseguia aceitar o fato de não conseguir ver sua amada todas as horas de todos os dias. Esse rombo no coração, que o escritor romântico tanto procurara, doía demais, sobrepujava tudo que escrevera. Não era uma inspiração, pelo contrário, seus sentimentos eram tão intensos e tão confusos que, quando pegara sua velha e gasta máquina de escrever, ficara paralisado ante a folha de papel em branco. Não era nada que imaginara, nada que escrevera sobre. Sentia-se desesperado, agoniado. Lutava consigo mesmo, internamente, com tempestades de emoções torturando-lhe a alma.

De repente, ouve-se batidas na porta. Lucien nem ao menos olhou para o lado. Continuou a fitar o teto, impassível. As batidas aumentaram. O homem abriu a boca, lentamente, num esgar de desprezo. Seus lábios estavam rachados, afinal, fazia um frio infernal, e Lucien não tomava água havia algumas horas, ou seriam dias? A pessoa atrás da porta insistiu, aumentando a força nas batidas.

- A porta não tem tranca – disse Lucien, com uma voz anormalmente fraca e rouca. Quanto tempo se passara desde que falara pela última vez? Não conseguia se lembrar. Minutos, horas e dias se misturavam, num carnaval turbulento, que desdenhava e pisava em cima desses supérfluos que marcavam tempos factuais.

Um homem bem apessoado e alto entrou de supetão, fazendo a porta ranger perigosamente em suas dobradiças gastas de latão. Não saberia dizer o que era mais reluzente: se seu sobretudo negro impecável, se sua cartola que segurava com a mão direita, se suas botas de couro ou se seu profuso bigode, que, mesmo sendo grande, mal conseguia tapar o amplo sorriso que se abria no rosto vivo.

O contraste era tanto que, assim que o homem entrou, o quarto vibrou de vida. Sua evidente energia, sua joie de vivre eram quase inadequadas no recinto. Contudo, ele não se importou com isso, ou pelo menos, não o demonstrou. Apoiou a cartola no espaldar da cadeira decrépita e abriu os braços. Os olhos negros brilhavam e seu sorriso não diminuíra nem um centímetro.

- Mon petit! Como vai meu jovem poeta? – exclamou, com uma voz retumbante. Uma voz perfeitamente adequada com a figura. Alegre, forte e alta. Parecendo incapaz de ficar parado, o homem deu as costas para Lucien e foi abrir as pesadas cortinas.

- Oi. – respondeu Rodion, fazendo um enorme esforço para sentar-se na cama. Lucien estava pateticamente esquelético e doentio, e isso ficava evidente com o homem de preto perto – Como vai, Pierre?

Pierre virou rapidamente a cara para o jovem na cama, seu sorriso se fechou um pouco, e uma ligeira ruga apareceu na testa anteriormente lisa. Parecia ter finalmente notado o estado calamitoso em que se encontrava o amigo.

- O que houve, Lucien? Você não está me parecendo bem, amigo. Conte para Lupin, o que aconteceu? – agora a voz tinha se alterado um pouco. Parecia ser preocupada, mas ao mesmo tempo, sutilmente, estava carregada de um tom imperativo que impedia qualquer tipo de mentira e uma confiança que fazia Rodion finalmente querer falar.

- Pobre de mim, malditos sejam os deuses, Lupin, estou amando. – revelou o moço, num tom de voz queixoso. Ao terminar de falar, Lucien, ficou estático, pensando no que acabara de dizer. O simples ato de admitir, de revelar, já tornava os sentimentos mais avassaladores ainda. Agora o jovem sentia medo. Sentia medo de que Lupin simplesmente risse da sua patética declaração. Pierre, tão senhor de si, tão influente e tão sábio. Não riria ele daquele jovem tolo, que falava e agia como um adolescente apaixonado? Mas, ao mesmo tempo, não era ele, Lucien, um jovem apaixonado? Oh, mas era tão diferente! Tão diferente do que pensava e escrevia! Tão diferente de que buscara, que almejara!

- Oh, le pauvre! – exclamou Pierre, num tom realmente penalizado, como se sofresse a dor que Lucien sofria. Sentou na cadeira, que rangeu ameaçadoramente, e virou-se para o amigo, que cobriu a cara com as mãos grandes e magras. Lupin deu um tapinha amistoso no ombro do amigo, como que convidando a este contar mais.

- Como isso dói, Pierre! Estou me sentindo destruído. Ah, que grande ironia do destino, caro amigo! Eu, o mais jovem escritor de Paris, eu, que tantos corações conquistei com meus poemas sobre amor, apaixonado irremediavelmente, por alguém que não me quer. Oh, c’est ne pas vrais. Não estou morrendo, padecendo? Em meus pensamentos, Lupin, não morro a cada segundo sem ela? Será essa minha triste e dolorosa sina? – gemeu o poeta, com as mãos tremendo.

- Ah, mon ami, me conte, como isso foi acontecer? – perguntou o outro, alisando o bigode negro, gesto que – para quem conhecesse Pierre bem – indicava total concentração.

- C’est ta faute! A culpa é sua, Pierre, mesmo que você não seja culpado. – suspirou Lucien, olhando para a janela suja.

- Mon cher, gosto profundamente de você, assim como suas poesias românticas, mas não quebre minha cabeça num sábado de manhã com paradoxos. Se puder, por favor, falar em francês alto, claro e entendível, seria de grande valia.

- Lembra-se da festa que você me convidou, na casa de Madame Bergenton? – perguntou Lucien, ainda fitando a janela.

- Oui. O baile de máscaras, não? Muito bom, por sinal. Vim para cá exatamente por causa dele.. – começou Pierre, ainda coçando o bigode.

- Sim, Lupin. O baile. – cortou Rodion, pela primeira vez dando uma força na voz. – Foi lá que tudo aconteceu, caro amigo. Toda a tragédia se desenrolou sobre aquele magnífico prédio na Saint-Germain . Você deve se lembrar, Lupin, que o hall de entrada facilmente comportaria uma vintena de convidados, isso sem falar das salas de jantar e de estar. Ainda deve estar fresca na sua memória, caro amigo, a razão da minha ida na festa. A razão pela qual te pedi tão difícil pedido.

- Surement! Claro! Você queria se aproximar mademoiselle Chantal, não é? – perguntou Pierre, erguendo uma sobrancelha.

- Quem? – perguntou Lucien, franzindo a testa num momento, para logo depois exclamar – Ah oui! Chantal. O que acontece, caro amigo, que Chantal não estava quando eu cheguei. A linda Alexi não estava lá, e eu, petrificado, parado no hall de entrada, contemplava os passantes. Como fois tu, Lupin, quem me emprestara a máscara, não preciso detalha-la. Falo somente que a fantasia preta caiu bem, assim como o chapéu com a pena negra e a máscara prateada. Apesar disso, não me aventurei a adentrar a festa. Oh, sou jovem e tímido, e, apesar das minhas palavras tempestuosas, não conseguiria entrar sozinho naquela festa, sabes bem!

Rondion agora tinha se levantado, numa energia febril, andava de um lado para o outro, gesticulando. Pierre tinha diminuído, diante da paixão incontida daquele corpo frágil e doentio. De repente, Lucien estacou, e fitou o vazio, com seus olhos cavernosos, fez uma expressão doce e estendeu a mão para o nada.

- Foi quando eu vi, mon cher. Eu vi a coisa mais linda do mundo. Subindo as escadas, sem companhia nenhuma. Parecia flutuar no espaço, tamanha beleza e fascínio que me causava. Não, era só beleza, Deus! Não podia ser só beleza, pois sua cara estava tapada por uma máscara vermelha com um penacho da mesma cor. Vestia um vestido roxo, digno da própria Afrodite. Mas não era sua estatura imponente, ou seu sorriso sensual de lábios de mel, ou seus olhos castanhos escuros misteriosos. Não senhor! Ela tinha algo a mais, Lupin! Oh, perfeita boneca, com um sorriso de cigana, e cabelos encaracolados. A pele alva, de aparência tão frágil que, ao mesmo tempo que quis agarra-la, temia que quebrasse igual porcelana. Foi nesse instante, mon ami, que me perdi. Mandei para os infernos a mademoiselle Chantal. Para os infernos todas as outras moças na festa! Para os infernos a alta-sociedade parisiense, Lupin! Naquele momento, esqueci de tudo, só a vi, não perfeita. Oh, não, ela não era perfeita, e isso que a fazia perfeita, comprends? Justamente essa não-perfeição a fazia perfeita! Oh, que lindo paradoxo, Pierre, que perfeição de paradoxo imperfeito! Já estava a delirar, somente ao olha-la.

Lucien estava agitado. Torcia as mãos sem parar, e andava de um lado para o outro. Falava mais para si mesmo do que para Pierre, que continuava a mexer no bigode. Porém, se sua expressão anteriormente era jovial ou preocupada, agora fitava o vazio, ouvindo cada palavra do amigo com um interesse absurdo. Seus olhos estavam arregalados, como que assustado pelo relato do outro, que continuava seu falatório:

- Segui-a, festa adentro. E ela sabia que eu estava seguindo-a, pois não parava de balançar as lindas madeixas e lançar meios sorrisos para mim. Foi como se eu perseguisse uma caça, Lupin. Uma caça que gosta de ser caçada e gosta de atrair o pobre caçador para terríveis armadilhas. E como ela me atraia, homem! Eu era incapaz de prestar atenção em qualquer outra pessoa. Foi quando ela mordeu levemente o lábio brilhante. Isso conseguiu me levar a uma loucura desumana. Respirei fundo e sorri de volta, meneando a cabeça, convidando ela para vir até mim. Ela riu e piscou para mim, indo para a sala de estar, onde a música estava sendo tocada. Esperei um tempo e segui-a, de novo. Percebe? Ela controlava tudo, e ao mesmo tempo me deixava na sensação de estar tomando os passos que ela já tinha premeditado! Talvez ainda não dê para entender direito, Pierre, mas você vai ver! Continuando, quando eu cheguei na sala de estar, não consegui acha-la. O desespero que se abateu sobre mim foi impressionante. Eu estava complemente dominado por ela. Fiquei agitado, procurando-a. Foi quando ouvi um doce sussurro no meu ouvido. “Ora, ora, o sr. Poeta perdeu alguém?”. Gelei completamente, aspirando aquele perfume adocicado, mas que ao mesmo tempo fazia os pelos do meu corpo se eriçarem completamente. Uma sensação estranha e viciosa. Mas, de alguma forma, consegui me virar e responder “Talvez tenha perdido a minha razão, assim que te vi.” Ela sorriu, ruborizada, me deixando hipnotizado de novo. Acho que ela não sabia do total poder que tinha sobre nós, homens. O resto da noite passou rápido, rápido demais. Foi só um turbilhão de sensações, chocando-se umas com as outras. Dancei com ela, conversei, bebi vinho. Ela parecia estar gostando da minha companhia também, não fomos interrompidos por ninguém, era como se estivéssemos a sós. Éramos dois apaixonados, ou um apaixonado só não consigo dizer, e meu coração se parte em somente ponderar essa possibilidade.

Dizendo isso, Lucien se jogou na cama, respirando fundo. Estava suado e seu corpo tinha pequenos espasmos, como se tivesse corrido uma maratona, ou levantado algo muito pesado. Quando começou a falar de novo, sua voz estava arrastada e pesarosa.

- Ela disse que se chamava de Louise, mas me deixou chamá-la de Lô. Não me disse o sobrenome, só disse que todos começavam com L. Assim que ela disse isso, ruborizou completamente e pediu um cálice de vinho. Quando eu voltei com a bebida, ela tinha sumido. Procurei por toda a festa, mas não consegui acha-la. Isso foi como uma facada no meu coração, Lupin. Como uma longa e fria faca penetrando lentamente no meu coração. Fiquei até o fim da festa, procurando pelo local. Mas ela tinha sumido. E desde de então não a tenho mais visto.

Depois de relatar o que aconteceu, Rodion suspirou tristemente e fez força para as lágrimas não caírem dos seus olhos marejados. Lupin se levantou, olhando profundamente para Lucien.

- Você disse Louise? Está certo que ela se chamava assim? – perguntou, no mesmo tom de voz que impossibilitava mentiras que usara antes.

- Oui, mon ami. Ela jurou que se chamava Louise. – respondeu rapidamente o jovem poeta, vendo a esperança retornar ao seu desesperado amor. Pensava internamente que Pierre, influente como era, deveria conhecer cada convidado daquela festa, pelo menos, por nome. Mas ao ouvir isso, Lupin fez uma careta e balançou a cabeça negativamente.

- Temo que esteja enganado, gamin -

- Não estou – disse Rodion, feroz.

- Se não está, mon chér, então a mademoiselle Louise não existe. – disparou Pierre, olhando para a cara do poeta. Lucien ficou aterrorizado, abrindo a boca e fechando, incapaz de falar algo, tentando absorver a informação. Sacudiu a cabeça e ia começar a falar quando o amigo cortou – Se a moça com quem passaste teu tempo realmente se chamava Louise, era impossível ela estar lá. Eu sei cada pessoa que apareceu na festa, Lucien, e não havia nenhuma Louise, nem qualquer mulher que tivesse todos os sobrenomes começando com a letra “L”.

- Non..., não pode s.. não pode ser verdade, Pierre! Ela me jurou! – exclamou o poeta com uma voz estranhamente aguda.

- Lucien, mon ami, vocês dois falaram com alguém, alguém mais viu Louise? – perguntou Lupin, extremamente rápido, sem deixar chances para o amigo pensar.

- Não, nós... nós ficamos sozinhos. Era só eu e ela – balbuciou o jovem, pensando nas terríveis coisas que estava ouvindo, tentando encontrar uma razão ou sentido naquela confusão.

Lupin então se ergueu, num salto. Agora ele parecia crescer, soberano em seus pensamentos, sobrepujando a paixão do poeta, preocupado mas ao mesmo tempo, senhor da situação.

- Lucien, será que, em sua busca pelo amor verdadeiro, sua paixão pela paixão, almejar tanto uma alma gêmea, não criou uma mulher idealizada? Será que você não está imaginando coisas? Será que Louise... não existe?

- Ela existe, Lupin! Ela é o amor da minha vida – gritou Rodion, histérico – e ainda vou encontra-la! Vou te provar! Ah, sim, eu, Lucien Rodion, estou amando, monsieur Lupin! Eu consigo! Eu achei!

O jovem então começou a se debater. O corpo exausto se negava a continuar. A mente, ferida e cansada, desligava. Lucien desmaiou. Pierre rapidamente socorreu o amigo. Minutos depois, Lucien estava na sua cama, abrindo lentamente os olhos.

- Está tudo bem, mon petit? – perguntou Lupin, nervoso.
- Oui. Agora sim, obrigado, Pierre. – respondeu o poeta, numa voz cavernosa e sem vida. De repente, saltou da cama e foi correndo até a máquina de escrever. – Mon ami, será que você poderia ir até a esquina e comprar algo para nós comermos? Infelizmente, Bernadette, a dona do prédio, está viajando, então estou sem comer há algum tempo.

- Surement! Claro que vou – respondeu Lupin, feliz em poder fazer algo pelo amigo. Estava saindo quando deu uma última olhadela para o poeta. Este estava a escrever furiosamente em sua máquina. Com um sorriso, Pierre desceu as escadas e caminhou a passos largos até a esquina. Seu amigo já estava melhor, conhecia essas crises dele.

- Bonjour, queria uma baguette e um Bris de Meaux e um Roquefort, por favor – pediu Lupin ao velho da padaria. Pensava em forçar Lucien a sair para jantar com ele, estava preocupado com a saúde do amigo. Pegou a comida e pagou, assobiando a Marselhesa enquanto voltava a passos largos para o prédio de Lucien.

Foi quando ouviu um tiro, soando bem do prédio do amigo. Xingando baixinho, o homem largou a comida e passou a correr, abrindo rapidamente a porta do prédio. Voou escadaria acima e, com um chute certeiro, escancarou a porta de Rodion.

E lá estava ele, Lucien, o poeta, estirado no chão empoeirado. Sangue tinha começado a escorrer do buraco na cabeça e fazia uma pequena poça ao redor da mesma. Lupin se ajoelhou, chorando, apenas para constatar que o amigo realmente tinha morrido. Na mão direita estava a arma do pai, que morrera anos antes. A esquerda parecia apontar para a cama.

Lá, em meio aos lençóis embolados e desarrumados, a maquina de escrever velha e gasta pairava. Ainda tinha um papel nela. Pierre pegou-o. Era o que Lucien estivera escrevendo, a tinta ainda estava fresca:


“Amor de Poeta
Meu amor não existiu
Então farei existir
Meu amor ninguém viu
Mas ele está a vir

Bebendo toda a taça do fel
Vou de encontro a ti
Doce Lô, de lábios de mel
Amor como teu jamais senti

Que escrevam então em minha tumba,
Escrevam com todo o fervor
Da minha saudade oriunda:

‘Aqui jaz, com toda a sua dor
Tão grande quanto cova funda,
Lucien Robion, morto de amor’”






Perdoe o escritor pelo lirismo excessivo do eu-poético, ou as expressões em frances, embora eu ache que estejam facilmente entendíveis. Comentar não mata ninguém.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Trabalho de História

Trabalhim de História galera. Meia hora para fazer, 11 palavras para colocar no texto, então...


O Coveiro

Sozinho, sentado calado
Sozinho, sentado a falar
Pois não ceita o coveiro seu fardo
Para sempre destinado a cavar

Liberdade, Fraternidade e Igualdade
Ao longe se vão para trás
Oh, coveiro, diga a verdade,
És tu humano? "Não mais"

"Ah o socialismo! Ah a revolução"
Continua o coveiro a lamentar
Diz "Melhores tempos virão"
A anarquia dos sonhos a tramar.

Saiba coveiro, com certeza
Não conheces a boa nova?
Tu, operário da máquina burguesa
Estás a cavar a tua cova.


Comentar não faz mal

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Afinal, os camponeses não terminam as histórias com as princesas, terminam?

Não faça isso, minha bela. Não o queiras assim. Não quebres meu coração desta forma. Não me condenes a terrível sina do acordar. Não me afogue no meu próprio pesar. Ele não é bom para ti.


Como sabes?


Ah! Como sei? Que pergunta odiosa, pergunta da qual eu sei a resposta, mas não posso responder. Porque? Porque sou um covarde. Sim, isso que sou. Covarde, paspalho, ridículo. Deus impiedoso que me condena a ser teu amigo, princesa, ao mesmo tempo teu admirador. Ódio, ódio, ódio. Não sei. Quero saber, preciso saber, e por esse anseio, invento. Ou dito como verdade receios provenientes de pensamentos especulativos. Ele é mais velho, pode te forçar a fazer coisas....

Eu não sou ingênua.

Não és ingênua? Não. Tu és uma princesa, em tua linda torre. Esperas por um príncipe. Então o que eu, um parvo camponês posso oferecer além da minha contida amizade. Amigo, palavra que me persegue. Amigo, que vocábulo odioso. Amigo, sempre amigo, camponês parvo, sempre. Que mal o príncipe pode fazer a ti? Tu sabes te cuidar. Mas minha princesa não. Não ela, coitada, boneca de porcelana que se quebra ao mais frágil toque. Temo por ti.

Temes que possa acontecer o que comigo?

Tudo, meu deus, tudo! Tanta coisa ruim há mundo afora que meu coração pesa. Mas o meu maior temor é que caias apaixonada por ele. E, odiando a mim mesmo por este pensamento, que o amor entre vocês seja verdadeiro e recíproco. Não sou um príncipe, sempre colocando o bem da amada antes do próprio. Temo mais nunca ter teu amor do que possas sofrer algum mal. Que ser odioso é esse dentro de mim? Eu mesmo? Mereço alguma chance com tu, minha princesa? Não. Não mereço. Dane-se, camponês, chora você, sozinho, tua própria amargura. Não contamines o romance real. Não sonhes mais do que deves. Não sei. Esqueça. Fique com ele se isto lhe apetece. Desconsidere minha opinião.


Afinal, os camponeses não terminam as histórias com as princesas, terminam?






Texto muito old

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O Pequeno Elfo e a Árvore Torta

Um contozim =B

O Pequeno Elfo e a Árvore Torta


Era uma vez, um pequeno elfo saltitante, que morava na Grande Floresta Verde. Esse elfo era amigo de todos, do pequeno Sr. Coelho a sábia Sra. Coruja. O elfo gostava de roupas verdes e adorava saltitar por toda a floresta, parando para conversar com as árvores bondosas e rir com os rios suaves. Todos amavam o pequeno elfo e se alegravam com seus passeios freqüentes na Grande Floresta Verde.

Contudo, o pequeno elfo verde era muito curioso. Curioso demais. Um dia, quando ia visitar uma colônia de cogumelos amarelos e vermelhos, se deparou com uma árvore raquítica, preta, retorcida. Suas raízes matavam todo e qualquer tipo de planta que nascesse perto.Pensando no que acontecera a pobre árvore, o pequeno elfo saltitou até o tronco e chamou s sra. árvore com sua voz aguda.

- Sra árvore, sra. árvore! Porque és tão distorcida assim? Quem te fez mal? Quem te machucou?

- Oh, pobre elfo, assim sou eu e assim serei. Digo, porém, a todos: como eu um dia vocês também serão. Não podem evitar, é o destino. E, tu, o que fazes aqui, pequeno elfo?

- Estava a passear quando vi a ti, sra. árvore. Que mal te acudiu? O que fizeste para merecer isso?

Nisso a árvore responde em tom injuriado:

- Nada fiz para isso merecer. Mas o destino assim quis, assim foi feito, pobre de mim. Entretanto, vejo que está curioso com minha condição. Então a ti proponho uma charada, pequeno elfo. Se acertares, eu te conto tudo sobre mim.

O que é que tudo fere, tudo mata
Rei, elfo, homem, nada lhe escapa.
Dos guerreiros é a morte
Da fortuna a má sorte
A fama ele varre como vento
A glória ele faz cair no esquecimento



O pequeno elfo então se calou, e pensou. Não conseguiu achar a resposta e voltou para casa amargurado, pensando na charada. Não mais o pequeno elfo saiu para passear na Grande Floresta Verde, preferindo ficar em casa e pensar no enigma da árvore distorcida. Mas, mesmo assim não lhe ocorreu a resposta.

Então o inverno caiu sobre a Grande Floresta Verde. Um inverno sem fim, já que o pequeno elfo não estava ali para saltitar e dançar junto aos seus amados animais. Sr. Coelho morreu, assim como a Sra. Coruja. As flores murcharam, as árvores secaram e perderam as folhas, ficando só tronco. Os bichos partiram para longe. Os cogumelos viraram negros e agora soltavam líquidos nocivos.

E o pequeno elfo envelheceu, seu cabelo alourado caiu e agora não conseguia mais saltitar. Uma imensa barba suja cresceu, mas ele nada fazia. Somente pensava, e pensava. Até que, depois de um longo tempo, achou a resposta.

Capengou até a árvore retorcida, que permanecera inalterada por todo o tempo. Ela estava sinistramente satisfeita em ver que toda a floresta tinha virado uma réplica de si mesmo. Em seus pensamentos gargalhava, ao ver o antigo elfo agora um velho alquebrado, mancando em sua direção.

- Sra. árvore, sra. árvore! – chamou. Sua voz agora era rouca e frágil. Débil. Um arremedo desprezível do que era antes, representando bem o que o elfo era agora.

-Sim? Ah, então és tu! Conseguiste decifrar o enigma? – a árvore tinha uma voz maliciosa e zombeteira

- Por muitos anos pensei, sra. árvore. Pensei e pensei, sem me importar com nada mais. E, até pouco tempo, minha busca foi em vão. Mas agora sei, sei qual é a resposta. – a voz do elfo continha uma emoção forte. A criatura chorava dos seus olhos leitosos. Finalmente, após todos esses anos. – A resposta é: o Tempo. Agora, conte-me o que és!

Ao ouvir a resposta, a árvore falou com voz dura:

-Sim, acertaste o enigma. Então queres saber o que sou?

- Sim! Por favor, todos esses anos eu quis ouvir.

- Eu sou a sua morte.

E a árvore retorcida prendeu o pequeno elfo com suas raízes e matou-o.





Eu simplesmente amo esse conto =)

Espero que gostem tanto quanto eu.

sábado, 6 de março de 2010

Uma dos contos que mais me deram trabalho na vida. Acho que demorei coisa de um ano para finaliza-lo. Mesmo assim não ficou muito bom.





Pedido e Declaração

Existe na velha Oicípsoh um velho castelo de pedra. Séculos antes, fora construído, quando o norte do reino era povoado por rebeldes, trolls e advogados.Todos, temerosos de serem rebelados, comidos por trolls e processados por advogados, ajudaram na construção. Ou quase todos.

Uma família, os Sicebmi, preferia plantar nabos, colher nabos e comer nabos a construir castelos. Todos dizem que Atna, a matriarca da família, secretamente desejava ter total domínio sobre Oicípsoh. Eu creio que era para mandar todos plantarem nabos, colherem nabos e para ela comer tudo sozinha. Atna era famosa por sua gula. Muito.

Assim, quando o castelo ficou pronto, todos foram convidados para celebrar. Na mesma hora, Tardado, o rei, enviou os convites. Dizem que o banquete era de uma suntuosidade imensa. Ouvindo rumores sobre a festa, Atna ficou babando de vontade. Pediu para o rei um convite para a festa. O rei Tardado lhe negou, já que sua família não ajudara para que todos se protegerem dos temíveis advogados, por isso não teriam direito à presença no banquete. Resumindo: a boca livre estava fechada aos Sicebmi. Eles ficaram possessos.

Muito pensaram que fazer e muito tramaram. Não conseguiram, porém, bolar nenhum plano para penetrar na festa. Atna e sua família não tinham fama de inteligentes. O conselho familiar, regado a nabos, não chegou a nenhuma decisão coerente. Chaves, o porco de estimação comunista, deu a melhor idéia, mas como era imbecil (cortar o suprimento de nabos para o castelo), ninguém foi na dele.

Ovrap, o neto predileto de Atna, ficou de saco cheio do conselho e resolveu passear um pouco pelas Terras Ermas E Perigosas. Não levou ninguém consigo. Sem lenço nem documento, Ovrap seguia o caminho, pensando em como conseguir um convite para a festança. Ia para o norte, sem se preocupar com as placas ao redor. Graças a isso, não percebeu quando chegou nas Terras Ermas E Realmente Perigosas (depois da floresta dos elfos saltitantes e um pouco antes do Acre). O lugar era desolado, não havia nada, só uma propaganda do segundo aniversário do Prezunic. Foi quando Ovrap teve A Idéia.

A Idéia era estúpida, batia 10 na escala de burrice. Loucos achariam a idéia retardada, mas Ovrap achou genial. A idéia era achar um monstro qualquer e invadir o castelo, para penetrar na festa. Realmente. Idiota ao extremo, Ovrap foi procurar seu monstro. Saiu das Terras Ermas E Realmente Perigosas e foi para o sul.

Tomando carona com vários fãs do Fresno e do Nx Zero, que iam para Boiolalândia, Ovrap conseguiu chegar em seu destino. O Congresso Nacional era povoado de monstros da pior espécie. Prestando atenção por onde pisava, Ovrap chegou no Mc Donalds restaurante freqüentado pelas feras. A primeira coisa que fez foi observar o ambiente: senadores e deputados riam lendo um livro de piadas intitulado de “Constituição Brasileira”. Realmente, nunca teve tanto medo na vida.

A sala estava lotada, então Ovrap foi empurrado para fora, contra sua vontade. Virou-se e decidiu escolher um monstro mais temível. Ou se arriscava a entrar no Big Brother Brasil ou ia para um jogo do Corinthians. Centrado em sua busca, Ovrap prosseguiu para o sul. Enfrentando diversos problemas, como fome, frio e a crise financeira mundial, o jovem prosseguiu.

Ia de encontro ao destino, pensando seriamente em se fantasiar poste, e ser contratado para a iluminação da festa. Só que não conseguiu arrumar uma fantasia de poste convincente. Tomado de desespero, entrou numa livraria ali perto, para ver se conseguia uma idéia por osmose. Olhou para a vitrine e finalmente encontrou a solução dos seus problemas. E, nem era mesmo um produto das Organizações Tabajara. Quase chorando de moção, Ovrap comprou seu livro e foi para casa, sonhando com os quitutes da festa. Usou um pouco de Vick para dormir. Esperou até dar meia-noite, saiu de casa. Rebolando, claro.

Na esquina de casa, aconteceu o que ele esperava. A luz do poste apagado apagou de vez. Momentos depois, ele sentiu uma mordida no pescoço de leve, um cheiro de lavanda e uma coisa incomoda em suas partes íntimas. Ovrap soltou um palavrão muito feio, mas estava feito. Rebolou de volta para casa.

A manhã chegou e Ovrap acordou, sorrindo para si mesmo. Rebolou até o castelo, certo que seu plano maléfico ia dar certo. Chegando lá, a festa estava para começar. O segurança pediu o convite, Ovrap suou frio, era agora. Mexendo em sua roupa, Ovrap tirou a blusa, e começou a brilhar ao sol. Irritado com o brilho excessivo do neo-vampiro-bicha, o segurança tirou sua arma e começou a disparar. Ganindo, Ovrap morreu, nas portas de conseguir atingir seu tão sonhado objetivo. Onde mais se contará história tão triste? Talvez, nunca.




Comentar NÃO FAZ MAL A SAÚDE!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Tivera Hoje A Ilusão, Sozinho

Outro poema, para não perder o ritmo.



Tivera Hoje A Ilusão, Sozinho

Garota, quando olho para ti
Dou um sorriso para mim
Rosto mais lindo que já vi
Perfume feito de Jasmim

Porque sorrio tanto, sem jeito?
Será o amor?, me pergunto
Já que o coração que bate no peito
Não quer saber d’outro assunto

Mas não, não há pergunta então
Afinal, perguntas retóricas, se sabe a resposta
Fujo de mim, fujo de ti, fujo do não

Imerso na minha auto-imposta crosta
Resta chorar pela rejeição
Da nunca feita proposta






Foi provado pelo minstério da saúde que comentar não causa impotência sexual.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um poema, para mim mesmo.


Roubaram minha Menina


Olho nos teus olhos castanhos mentirosos
Vejo teus sorrisos vazios e inúteis
Qual alegria eles passam, nervosos?
Quais não-sentimentos, pensamentos fúteis?

Cadê a minha menina, e sua molecagem?
Cadê a minha garota, fazendo besteiras?
Quem é essa mulher, cantando vantagem?
Cadê a minha guria , e suas brincadeiras?

Esse malvado tempo eterno, que passa depressa
Essa maldita máscara de mulher, que a menina se prende
Onde estará minha garota? Será que regressa?

Será que esse velho menino, que muito pretende
Não entende que o funesto tempo tem pressa?
A menina crescida, já mulher, ele não compreende.