sexta-feira, 30 de abril de 2010

Afinal, os camponeses não terminam as histórias com as princesas, terminam?

Não faça isso, minha bela. Não o queiras assim. Não quebres meu coração desta forma. Não me condenes a terrível sina do acordar. Não me afogue no meu próprio pesar. Ele não é bom para ti.


Como sabes?


Ah! Como sei? Que pergunta odiosa, pergunta da qual eu sei a resposta, mas não posso responder. Porque? Porque sou um covarde. Sim, isso que sou. Covarde, paspalho, ridículo. Deus impiedoso que me condena a ser teu amigo, princesa, ao mesmo tempo teu admirador. Ódio, ódio, ódio. Não sei. Quero saber, preciso saber, e por esse anseio, invento. Ou dito como verdade receios provenientes de pensamentos especulativos. Ele é mais velho, pode te forçar a fazer coisas....

Eu não sou ingênua.

Não és ingênua? Não. Tu és uma princesa, em tua linda torre. Esperas por um príncipe. Então o que eu, um parvo camponês posso oferecer além da minha contida amizade. Amigo, palavra que me persegue. Amigo, que vocábulo odioso. Amigo, sempre amigo, camponês parvo, sempre. Que mal o príncipe pode fazer a ti? Tu sabes te cuidar. Mas minha princesa não. Não ela, coitada, boneca de porcelana que se quebra ao mais frágil toque. Temo por ti.

Temes que possa acontecer o que comigo?

Tudo, meu deus, tudo! Tanta coisa ruim há mundo afora que meu coração pesa. Mas o meu maior temor é que caias apaixonada por ele. E, odiando a mim mesmo por este pensamento, que o amor entre vocês seja verdadeiro e recíproco. Não sou um príncipe, sempre colocando o bem da amada antes do próprio. Temo mais nunca ter teu amor do que possas sofrer algum mal. Que ser odioso é esse dentro de mim? Eu mesmo? Mereço alguma chance com tu, minha princesa? Não. Não mereço. Dane-se, camponês, chora você, sozinho, tua própria amargura. Não contamines o romance real. Não sonhes mais do que deves. Não sei. Esqueça. Fique com ele se isto lhe apetece. Desconsidere minha opinião.


Afinal, os camponeses não terminam as histórias com as princesas, terminam?






Texto muito old

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O Pequeno Elfo e a Árvore Torta

Um contozim =B

O Pequeno Elfo e a Árvore Torta


Era uma vez, um pequeno elfo saltitante, que morava na Grande Floresta Verde. Esse elfo era amigo de todos, do pequeno Sr. Coelho a sábia Sra. Coruja. O elfo gostava de roupas verdes e adorava saltitar por toda a floresta, parando para conversar com as árvores bondosas e rir com os rios suaves. Todos amavam o pequeno elfo e se alegravam com seus passeios freqüentes na Grande Floresta Verde.

Contudo, o pequeno elfo verde era muito curioso. Curioso demais. Um dia, quando ia visitar uma colônia de cogumelos amarelos e vermelhos, se deparou com uma árvore raquítica, preta, retorcida. Suas raízes matavam todo e qualquer tipo de planta que nascesse perto.Pensando no que acontecera a pobre árvore, o pequeno elfo saltitou até o tronco e chamou s sra. árvore com sua voz aguda.

- Sra árvore, sra. árvore! Porque és tão distorcida assim? Quem te fez mal? Quem te machucou?

- Oh, pobre elfo, assim sou eu e assim serei. Digo, porém, a todos: como eu um dia vocês também serão. Não podem evitar, é o destino. E, tu, o que fazes aqui, pequeno elfo?

- Estava a passear quando vi a ti, sra. árvore. Que mal te acudiu? O que fizeste para merecer isso?

Nisso a árvore responde em tom injuriado:

- Nada fiz para isso merecer. Mas o destino assim quis, assim foi feito, pobre de mim. Entretanto, vejo que está curioso com minha condição. Então a ti proponho uma charada, pequeno elfo. Se acertares, eu te conto tudo sobre mim.

O que é que tudo fere, tudo mata
Rei, elfo, homem, nada lhe escapa.
Dos guerreiros é a morte
Da fortuna a má sorte
A fama ele varre como vento
A glória ele faz cair no esquecimento



O pequeno elfo então se calou, e pensou. Não conseguiu achar a resposta e voltou para casa amargurado, pensando na charada. Não mais o pequeno elfo saiu para passear na Grande Floresta Verde, preferindo ficar em casa e pensar no enigma da árvore distorcida. Mas, mesmo assim não lhe ocorreu a resposta.

Então o inverno caiu sobre a Grande Floresta Verde. Um inverno sem fim, já que o pequeno elfo não estava ali para saltitar e dançar junto aos seus amados animais. Sr. Coelho morreu, assim como a Sra. Coruja. As flores murcharam, as árvores secaram e perderam as folhas, ficando só tronco. Os bichos partiram para longe. Os cogumelos viraram negros e agora soltavam líquidos nocivos.

E o pequeno elfo envelheceu, seu cabelo alourado caiu e agora não conseguia mais saltitar. Uma imensa barba suja cresceu, mas ele nada fazia. Somente pensava, e pensava. Até que, depois de um longo tempo, achou a resposta.

Capengou até a árvore retorcida, que permanecera inalterada por todo o tempo. Ela estava sinistramente satisfeita em ver que toda a floresta tinha virado uma réplica de si mesmo. Em seus pensamentos gargalhava, ao ver o antigo elfo agora um velho alquebrado, mancando em sua direção.

- Sra. árvore, sra. árvore! – chamou. Sua voz agora era rouca e frágil. Débil. Um arremedo desprezível do que era antes, representando bem o que o elfo era agora.

-Sim? Ah, então és tu! Conseguiste decifrar o enigma? – a árvore tinha uma voz maliciosa e zombeteira

- Por muitos anos pensei, sra. árvore. Pensei e pensei, sem me importar com nada mais. E, até pouco tempo, minha busca foi em vão. Mas agora sei, sei qual é a resposta. – a voz do elfo continha uma emoção forte. A criatura chorava dos seus olhos leitosos. Finalmente, após todos esses anos. – A resposta é: o Tempo. Agora, conte-me o que és!

Ao ouvir a resposta, a árvore falou com voz dura:

-Sim, acertaste o enigma. Então queres saber o que sou?

- Sim! Por favor, todos esses anos eu quis ouvir.

- Eu sou a sua morte.

E a árvore retorcida prendeu o pequeno elfo com suas raízes e matou-o.





Eu simplesmente amo esse conto =)

Espero que gostem tanto quanto eu.